Friday, February 10, 2006

número 3



Passeava á beira mar. O sal beijava os meus lábios que começavam a doer, o meu vestido branco, era demasiado longo, estava molhado nas bordas, e os meus cabelos enleavam-se com o vento com as algas do mar. Era um daqueles dias claros de verao, como eu gosto do veräo...o céu era azul, o sol queimava os olhos, nunca entendi bem porquê mas desde pequena tentava olhar o sol, vê-lo, mas acabo sempre por desistir da dor que me causa.
Comecei a entrar e estava cada vez mais fundo. Decidi parar. Enterrei os pés bem fundo na areia, plantei-me como se de uma planta se trata-se e ali me deixei ficar, esperando que a maré subisse.
Aquele sentimento ia crescendo (com a maré), a angustia apoderava-se de mim, tornava-se difícil respirar.
O mar sempre me deu medo. Nunca conseguia ficar de olhos abertos muito tempo,... quando em pequena iamos á praia e eu dava mergulhos de 30 segundos contados pelo relógio da avó. Angustiava-me ver todo aquele azul á minha frente, sempre preferi as piscinas para mergulhar. Mas ali estava eu, irónicamente, 30 anos depois, a deixar-me afundar pelo mar.

Num momento de fraqueza, virei os olhos no sentido oposto ao do horizonte, ali estava aquela cabana, no meio das dunas, um pequeno alpendre, algumas cadeiras, duas janelas e uma porta. "A curiosidade matou o gato". "-Nao tenho hora para isto, posso fazê-lo daqui a uns minutos"

Enquanto me aproximava, a dita curiosidade ia aumentando. Eu tinha uma estranha vontade de salvaçäo.

-Olá, há alguêm?
- Sim estou eu,.. aqui, ao pé da janela.- respondeu um homem de voz rouca, barba e rugas marcadas pelo tempo e pelo sal.
- Desculpe nao queria incomodá-lo, estava a passar pela praia e tive curiosidade de ver a casa, talvez ma pudesse alugar, ou vender, nao sei, gosto deste sitio.- falava rápido e lento ao mesmo tempo, olhando ora para o mar, ora para o homem, que tinha cara e parte do corpo tapado pela sombra do canto da janela.

O homem levantou-se e dirigiu-se na minha direcçao, senti um medo horrivel, e mais ainda quando vi o seu claro olhar, verde-azulado como o mar, e a sua barba loira, devia ter perto da minha idade.
- Nao, nao passavas por aqui, eu vi-te no mar.
- Viu? E näo me tentou ajudar?
- Tu nao precisavas de ajuda. Quando precisas-te vieste até ela, até mim. Senta-te, fiz agora um chá. Relaxa. Podes cá ficar.

Fecha os olhos. Morre.


Tu soubeste ajudarme quando mais precisava, quando mais perdida estava. Obrigada por nao me teres deixado afundar sozinha. Amo-te.

4 comments:

Never Mind said...

Love is patient, love is kind.
It does not envy, it does not boast,
it is not proud.
It is not rude, it is not self-seeking,
it is not easily angered,
it keeps no record of wrongs.
Love does not delight in evil
but rejoices with the truth.
It always protects, always trusts,
always hopes, always perseveres.

Love never fails. And I wont fail on you.

Amo-te!

Liliana Bárcia said...

ihih a história está um bocadnho assuastadora, mas ainda bem que havia aí alguem q te estendesse a mão e te ajudasse. :D

beijinhos, jo.

<3

Celi M. said...

Ao contrário a Liliana acho que a história está fabulosa. No inicio quase conseguimos ouvir o mar e sentir os pés molhados com a descrição. Soh achei o fim um cadinho abrupto. Mas tah muito bonito. =)

Ana Sofia said...

feliz carnaval p espanholita:P

jinhus